“Para uma Estética do Desaparecimento em Maurice Blanchot: a diferença interna da morte, a forma vazia do tempo e como Gilles Deleuze empregou estes conceitos” (tese) de Adriano Ferraz

Resumo da tese “No intertexto das considerações críticas que Blanchot tece sobre a literatura moderna e contemporânea aparece uma teoria literária radicalmente diferente de todas as outras anteriores a dele. A partir de então todo um novo regime de crítica deve abrir mão das chaves teóricas comuns de análise literária para poder dar conta de fenômenos como a obra de Kafka, Rilke ou Mallarmé. Se segue disto que haveriam consequências demasiado fortes ao pensamento que foram legadas pelas formas literárias mais viscerais, do simbolismo ao absurdo. Neste sentido a literatura passa a atuar em regime transcendente, saltando para fora de si mesma e se copresentificando à filosofia no trabalho de alargamento dos limites do saber e na elaboração de um novo paradigma crítico. Contudo, a filosofia não fica indene a esta visita que lhe faz a literatura. Ambas se deslocam no sentido de um ponto móvel como que para o seu objeto perdido, e este ponto consiste na descoberta de uma ambiguidade central no seio de todo o pensamento: o não-sentido como doador de sentido, e a partir disto tentaremos demonstrar a estrutura do seu sistema. Primeiro por um método de “pôr em paradoxo” todo o tipo de representação de alguma existência sólida. É aí que a linguagem se mostrará em seu duplo aspecto: significante que presentifica o significado ausente ou o significante vazio que presentifica a própria ausência. Assim, a morte encontra sua diferença interna numa outra morte, mais estranha e obscura, porque vívida, e o tempo recuperará sua forma pura e vazia num espaço criador. Inserida a instabilidade radical no interior mesmo das coisas, do mundo e dos sujeitos como um não-sentido, sem-fundo da exterioridade pura e extravasante da morte e do tempo diferidos, se trata, para Blanchot de evidenciar o princípio de desaparecimento perpétuo que a linguagem pode submeter o mundo. Nada muito diferente disto será mostrado por Gilles Deleuze, para quem a produção de um campo transcendental como superfície vazia em que se deposita e se desenrola a linguagem por meio do sentido dá a ver todo o movimento neutro de autoprodução da diferença. Heterogênese esta que nos parece já estar em germe no pensamento blanchotiano, justamente a qual buscaremos fundamentar na dissertação que se segue.”

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